quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Mudanças

Ando pensando bastante das coisas que publico aqui e em como eu nunca tenho uma base de quando vou postar. É tudo aleatório. O texto chega do nada, eu posto quando dá vontade e começo uma espécie de hiatus sem previsão de retorno entre as publicações. Este mês de fevereiro eu só publiquei um texto e ele havia sido escrito havia meses. Cheguei a pensar por um momento que ele nunca seria lido por outros olhos além dos meus: ele era um daqueles eternos rascunhos de gaveta que você encontra acidentalmente quando vai limpar as coisas e acaba percebendo que seria legal se mais alguém visse. Aleatoriedade, nada programado, tudo estranho, alucinado. 

Por isso cheguei a conclusão que preciso botar uma espécie de controle em todo o processo. Textos publicados de forma aleatória deixam as pessoas desavisadas e a minha mente despreparada. Colocar um certo limite de tempo entre a escrita e a publicação fariam não só com que os seguidores da fanpage e do blog por si próprio conseguissem interagir mais com o blog porque eles sempre saberiam quando algo estava para ser publicado, mas como também me daria uma espécie de apoio para os constantes "travamentos" que minha mente tem ao tentar ser expelida e impulsionada em palavras digitadas. Eu me acostumaria com curtos prazos de tempo para o desenvolvimento e a criatividade (sempre bom deixar para o final do prazo!), e os leitores se acostumariam em ler algo sempre no mesmo dia, no mesmo horário, como uma série de televisão.

Enquanto pensava nisso, outros fatores surgiram porque eles sempre estiveram na minha cabeça e parece que eu não tinha coragem e nem sabia a hora certa de acrescentá-los ao blog. Como já havia dito em outras postagens, esse blog foi feito não só para textos literários, mas também para postagens de filmes, livros e músicas. No começo da existência deste site, eu até escrevi uma resenha sobre o livro Coraline, de Neil Gaiman, mas acabei desistindo da ideia de fazer outras. Os motivos variam desde eu não estar acostumado a escrever resenhas (e assim desistir da ideia porque eu tinha preguiça demais de tentar melhorar) até o fato de que existem milhões de blogs por aí que falam de livros e que seria difícil um tão recente e sem tantos meios de publicidade conseguir achar o seu espaço. Os filmes e as músicas entraram pelo mesmo caminho, e me limitei apenas aos textos e poemas que ia escrevendo e percebendo que seriam bons se fossem postados. 

Quando esses fatores combinaram com as minhas ideias de prazos, limites e treinos constantes de escrita, eu percebi que, talvez, essa fosse a hora certa de mudar algumas coisas em relação aos conteúdos de Turista do Infinito. Aqui estão, basicamente, as minhas ideias que pretendo colocar em prática até o dia 16 de março (preciso de um prazo, então, 16 de março é o dia):

1ª: colocar prazos em relação aos textos literários, como os Desabafos e os Poemas. A ideia é lançar um texto novo todo domingo a noite. O outro dia que me veio são as quartas a noite. Então, um desses dias da semana será minha âncora. 
2ª: não SÓ textos literários serão publicados no blog. A ideia é começar com resenhas e textos tratando de livros e ir avançando para filmes, músicas e afins. Estes textos serão publicados SEM prazo, ou seja, podem ser publicados numa segunda de madrugada ou numa quinta a tarde, por exemplo. O importante disso é atrair outras pessoas ao conteúdo extra, mas deixar aquelas que já seguem o blog por causa dos textos literários preparadas para as postagens dos mesmos.
3ª: a fanpage do blog no facebook será usada com mais frequência e não constará apenas com notificações em relação às postagens do blog. Textos explicativos, como este que vocês estão lendo, serão postados lá, em vez daqui. Postarei conteúdo extra como poemas, músicas e imagens que eu achar que se encaixam com o propósito do blog. Então, cumprindo minha 2ª ideia, as coisas podem variar bastante. 

Darei-me um tempo para me acostumar com as escritas a prazo e com o acréscimo de conteúdo. Pretendo que tudo se ajeite até o dia 16, o que me dá cerca de 20 dias.

Longos dias e belas noites.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Impôs tem cia



Talvez eu esteja perdendo o valor de ser, aquela coisa pequena, por vezes ridícula, que guardamos dentro do peito e tocamos quando enfrentamos algo que vá contra o que queremos fazer. É difícil dizer o que está indo antes, o ser ou a esperança. Talvez a sanidade, quando ela foi dar uma volta para comprar cigarros. Porém é complicado me referir às coisas que, uma vez, faziam sentido dentro de mim. Agora o único sentido que elas tem são para fora: fora de mim, fora de vista, fora de questão. Estou me tornando cético, quebrável, esmagável, algo fora dos padrões do quadro que venho pintando há anos. Olhar no espelho é estranho, bizarro. Posso reconhecer o físico, mas tenho problemas de contato com o ser que apresento. Aquele sou eu? Aquele ser que está deixando de lado tudo o que acredita ou gostaria de acreditar só para não sofrer, só parar viver uma vida sem viver, e acaba sofrendo cada vez mais com as inconstâncias de seus pensamentos claustrofóbicos em sua mente desgastada? Sinto-me perdendo meu ser cada vez mais profundamente no inexistente, no ausente, no intransferível e no austero da realidade em fuga. Cada copo de refrigerante é um sentimento roubado que tento envenenar em mim mesmo. Cada garrafa vazia é uma expressão artística do meu coração roubado por eu próprio e levado para sei lá que labirinto silencioso de minha mente. Cada prato cheio jogado fora, cada embalagem atirada ao lixo, uma maneira de eliminar aquilo que eu não quero em mim. Enjoo das coisas com rapidez e morbidez. Estou cansado da habitual vida que vivo e estou cansado dos constantes rema barco que faço para chegar algum lugar. Estou perdendo meu valor de ser, taxado por aí a centavos de real, a beijos sem amor e nem significado, a isolamentos virtuais e reais por nenhum motivo satisfatório. Estou me levando ao encosto de um abismo, um abismo sem fim, que engole tudo, que engole todos. O que fazer para me tirar de lá? O que fazer para me recitar de lá? O que fazer para meu ser valer sair de lá? Para que corda devo ligar? Com que corda devo lidar? Com que corda eu posso contar? Quando a sanidade voltar, talvez já seja tarde. Direi para ela que voltou tarde demais, que encontrei outra alguém e me apeguei a ela pela falta de ter alguém a quem me apegar, pois é isso que fazemos: nos apegamos ao que parece mais rígido e sólido, mesmo que esse algo que nos agarramos seja nossa própria queda. E tudo que parece sólido um dia pode derreter, como a própria incerteza do ser.