terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Daqui só podemos ver as estrelas quando olhamos pra cima


Aquele abismo entre nós nunca poderia ser vencido. Muito menos pulado.

Era apenas uma questão de tempo para que as canções não fizessem mais efeito nos meus olhos vermelhos e cansados. Se tudo um dia poderia dar certo, não foi bem esse o caminho que escolhemos para nós mesmos. Desde as mensagens de madrugada às ligações desesperadas do dia a dia, nós vivemos algo que não foi desse mundo. Talvez essa fosse nossa maneira de dizer "Hey, eu consigo amar alguém com tanta intensidade que posso me machucar e machucar ela também!". Não duvido muito dessa nossa ignorância em relação a nós mesmos e aos outros. Mesmo em distâncias curtas, nossos olhos nunca poderiam ser diretamente refletidos nos olhos do outro. Eram sempre turvos, um borrão ao meio das incertezas de uma vida inteira. Mas, "hey, eu consigo amar, ok? E consigo ser amado. Vejam só essa barbárie!". Às vezes, não sempre, fico me questionando que desgraça é essa de palavra. "Amor". Tem gosto de veneno, e um veneno nunca foi tão doce. Não, ele nunca foi doce. Pelo menos não para nós, os desesperados e incorrigíveis. Aquelas criaturas que, de tanto amar, desistiram de amar. Ou, talvez, estejamos apenas distantes dos olhares naufragados de quem precisamos nos alimentar para nos sentirmos melhores. E apesar daquelas pequenas semelhanças, nossas diferenças eram cruéis o suficiente para nos jogar contra o chão frio do apartamento. Aquilo que sentimos na queda não era uma pedra ou um buraco. Era um abismo.

E de lá, nenhum de nós voltou vivo.

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