sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Ponto de fuga


Teimosia em teu ser. Você diz que não liga e finge não ligar, mas está sempre com o celular vendo as horas passarem até poder fazer alguma coisa diferente. Não é como se pudemos ficar assim, lado a lado, impedidos de fazer quaisquer outras coisas. É apenas o teu desassossego regando as partes mais tristes da tua vida e impedindo que você siga em frente. Repete para você mesma que a vida é assim, uma vadia, uma criatura malévola que não se importa com você porque é teimosa demais em mudar alguma coisa. Segue tentando amar a mesma pessoa, fazendo as mesmas coisas ridículas, com os mesmos costumes, a mesma falta de ousadia de mudar a rotina. Só que você sabe que tem que fazer mudanças e nunca liga para alguém te ajudar. É teimosa. Acha que manter a cabeça erguida sempre vai te impedir de cair na próxima esquina. E estando ao teu lado, eu reparo mais nisso no que no resto de você. Eu vejo a tua queda, eu a saboreio como um prato horrível que me foi servido, e te aviso, e te garanto das coisas, e tento ajudar, mas teus olhos olham para mim daquele jeito sem jeito e percebo que você sabe de tudo isso e quer pedir ajuda, mas não sabe como e acaba por não fazer nada. Então você sai, eu te observo, seguindo teu encaminhar pela porta, vendo você sorrir daquela maneira pálida e sofrível. Pros outros pode parecer um sorriso sincero, afinal, você é teimosa demais até para revelar o que sente de verdade. Você vai passando por todos, dando sorrisos e abraços carinhosos como se o mundo estive sorrindo verdadeiramente para você. Mas não é isso. Você sorri para não te questionarem, você abraça para ser abraçada e você anda para ir para longe dessa vida que você já não quer mais viver. Vejo você indo, se esvaindo a cada passo dado em direção à rua, reticente em sua teimosia, tentando não partir mais corações além do teu ferido. 

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