quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Sobre labirintos, fugas, mapas sem nomes e aniversários de um ano



Escolhi o que parece ser um dos piores e/ou mais azarados dias da minha vida (só desastre) para escrever este texto tão significativo, porque acho que algumas coisas realmente tem que ser deixadas para trás e outras confrontadas antes de seguir em frente.

Há mais de um ano, no dia 13 de janeiro de 2013, eu postei a primeira publicação neste lugar, que naquela época tinha o nome de "A realidade em fuga", um capítulo de um livro que falava sobre as minúcias da história e da linguagem do cinema. Achei que o título tinha tudo a ver com aquilo que eu queria, pois eu queria fugir um pouco da realidade cruel que eu vivi durantes os anos precedentes a 2013. Então eu escrevi cada vez mais em "A realidade em fuga" e fechei o meu antigo blog para que todo o sentimentalismo negativo que ele representava não pudesse mais me afetar toda vez que eu quisesse seguir em frente.

"Labirinto Silencioso" era o seu nome e fora criado em 2011 simplesmente porque eu queria um lugar meu para postar textos meus, sem dever a ninguém, nem a mim mesmo. Com o passar do ano, ele foi se tornando amargo, ressentido, triste. Cinza. Em 2012, eu quase larguei mão dele depois de tantos textos massacrantes falando de amores passados que eu não queria mais lembrar e de sentimentos tão azedos que ninguém gostaria de saber. No final de 2012, eu cheguei a conclusão de que eu iria fechá-lo, proibir até que quaisquer outras pessoas pudessem ler os textos antigos. Fechei-o e fiquei pensando no que faria a seguir, até que, de repente, enquanto lia meu livro sobre a linguagem do cinema, eu tive uma luz sobre o que fazer.

Esperei começar 2013 para colocar em prática o que eu queria. Eu falaria sobre a vida em meus textos, eu comentaria livros e criticaria séries e filmes. Eu faria tudo aquilo que eu sempre quis fazer, eu viveria longe da realidade. Entretanto, obviamente, não foi isso que aconteceu. A vida sempre tem a sua maneira de responder às tuas intenções primordiais e fiquei apenas na escrita dos textos e poemas, que nem era compulsiva. Por todo o ano, foram lançados mais de 20 textos (algo próximo de 1 a cada duas semanas) e cheguei até a mudar o nome deste local para o conhecido "Turista do Infinito".

Chegou uma hora que eu percebi que fugir da realidade era apenas provisório. Não conseguiria passar a minha vida inteira pensando em todas as coisas que deixei de lado apenas para escapar daquilo que me deprimia ou me oprimia. Então eu abri novamente meu antigo blog para quem quiser lê-lo. Não via motivos para deixá-lo pegando pó porque fugir das palavras não iriam mudar os acontecimentos. Pensei em "A realidade em fuga" e cheguei no nome novo após consultar um amigo próximo (ele que deu o nome na verdade). O título me agrada até hoje. "Turista" porque é o que somos, não é mesmo? Somos turistas de tudo, da nossa vida, da vida das outras pessoas, turistas da história, dos locais que permanecerão por mais algumas dezenas ou centenas de anos após perecermos. "Do infinito" porque eu queria ir além (sem piadinha com Toy Story, por favor. Eu nem tinha pensado nisso). Somos seres tão finitos, com prazo de validade, com limite de inteligência e de abrangência sobre todos os assuntos que nos perturbam, sejam a vida, a morte, o que comer no café da manhã. Então, "Turista do infinito", uma reprodução de nossos propósitos e de nossas metas durante todo o caminho que desconhecemos e que é infinito apesar de nossa finitude.

Então, agora nesse começo de 2014, onde me sento depois de ter um dos piores e/ou mais azarados dias da minha vida, eu quis relembrar tudo isso. A forma como quis fugir, a forma que a fuga deu errado e a forma que não seguir mapas pois eles são simplesmente inexistentes deu certo. Eu quis relembrar o que me fez chegar até aqui, escrevendo esse texto que era para ser somente um agradecimento a todas aquelas pessoas que não só leram os textos que foram postados, mas também os compartilharam, fizeram outras pessoas descobrirem aquilo que eu tinha escrito com, às vezes, meu coração na mão. Gostaria de agradecer essas pessoas por não me fazerem esquecer o quão brilhante e maravilhoso é escrever e sentir as pessoas gostando do que leram, se vendo nas palavras que leram. 

Foi um ano conturbado, cheios de pra ser sinceros, de doas a quem doer, de parecias que era minha aquela solidão. Um ano de amores roubados e nada retornado. Um ano cheio de coisas interessantes, de amizades novas e uma restauração da minha fé nas coisas. Um ano brilhante no que se diz acordar e sufocante no que se diz viver. Mas vocês estão aqui, lendo, e eu os agradeço, sais, por permanecerem e contribuírem para o enriquecimento deste blog.

Longos dias, belas noites e obrigado.

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