domingo, 23 de março de 2014

De pijamas a noite

Depois de tantas noites de medo
Inseguro embaixo das cobertas
Tento abrir a
porta
janela
luz
E me permito um pouco do além do que vem
e do que se vê

Eu digo
"olá, olá
como vai você?"
E não ouço resposta além do silêncio
absurdo
que compartilho todos os dias com
meu coração inquietante
no ex-escuro de minha prisão
domiciliar e incompleta
aberta agora, mas extremamente ausente

Repito o chamado
Chamo por alguém
com pressa
mas a resposta é sempre o silêncio
no ex-escuro aberto a claridade
a fatalidade da realidade
a reação dos medos ao que é verdadeiro de verdade

Depois de tantas noites de medo
Já percebo as coisas claramente
No escuro
Fecho a janela
Me cubro
E desligo a pequena ausência que senti
por dois segundos
daquele mundo inseguro e brilhante

Uso os cobertores como proteção
e dirijo meus sonhos pela contramão
do sonho americano

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