quinta-feira, 5 de junho de 2014

Resenha literária: Eleanor & Park (Rainbow Rowell)

Já tinha ouvido falar sobre "Eleanor & Park" antes de comprá-lo. Acho que fazia uma semana desde que eu havia visto uma lista com os, ditos, 40 melhores livros Young Adult (YA) e "Eleanor & Park" estava no meio. Não lembro a posição exata e nem lembro o que eu achei na hora; lia o site pelo celular e mais estava preocupado em saber se algum livro que eu gostava estava na lista do que procurava por novos livros que me impressionassem. Mas, na semana seguinte, estava no centro da cidade e me dei por entrando na livraria procurando alguma coisa diferente, qualquer coisa que eu não soubesse nada sobre, e acabei me deparando com este livro. O que me fez pegá-lo não foram as palavras de John Green na capa, nem nenhuma das outras frases atrás (ou até mesmo o logotipo do Omelete, rs). Eu o peguei porque 1) os desenhos da capa me lembraram uma música 2) a guria, a tal da Eleanor, era ruiva 3) não tinha informação alguma sobre o que se travava de verdade a história na contra capa 4) estava de bobeira e 5) parecia que o livro tinha acabado de chegar lá na livraria. Então, pensei comigo "por que não?". Paguei e saí feliz.


O livro, como já falei, é YA, ou seja, uma literatura dedicada aos "jovens adultos", aos adolescentes com seus mais de 15 anos e para os adultos com seus vinte e pouco, geralmente tratando de personagens mais complexos e situações (bem) mais adultas do que aquelas em livros infanto juvenis. "Eleanor & Park" não sai disso. 

Você tem a menina, Eleanor, filha mais velha entre 5 irmãos, ruiva, gordinha, com pais divorciados e morando com a mãe, que mora com um bêbado e drogado chamado Ritchie. A situação de Eleanor é extremamente complicada; ela é, basicamente, a complexidade da história. O tal do padrasto bate na mãe dela, é controlador com todos, principalmente com ela, além de ser um tremendo filho da puta (expressão totalmente necessária aqui). Ela, os irmãos, a mãe e o padrasto moram tudo numa casa só, ridícula de pequena, onde todos os irmãos dormem no mesmo quarto, onde não há comida o suficiente para todos, onde o banheiro minúsculo nem tem porta, onde liberdade é apenas uma palavra. Eleanor não tem roupas decentes para vestir, então utiliza roupas velhas e rasgadas, de maneira excêntrica, ligando os holofotes em qualquer lugar que passe. Fora tudo isso, ela ainda é zoada diariamente na escola devido a apar~encia física. Vida perfeita.

Na contramão, você tem Park, mestiço de coreano, baixinho, que faz taekwondo, tentando tirar sua carteira de habilitação e vivendo com seus pais e seu irmão mais novo, que é mais alto que ele. Ele lê quadrinhos (X-men! Watchmen!), ouve músicas (The Smiths! New Order!) e se satisfaz em sentar no banco do ônibus sozinho. 

A história desses dois começa no primeiro dia de aula da Eleanor, onde ela entra no ônibus que vai para a escola e não há lugares para ela se sentar (afinal, todos já escolheram seus lugares e praticamente escreveram seus nomes neles), o que a faz se sentar do lado de Park, que dividia um banco pra dois com ele e ele mesmo. A primeira impressão que cada um tem do outro é negativa. Eleanor considerada Park grosseiro e Park nem quer ser visto falando com ela. Mas, com o tempo, eles acabam encontrando um meio de se comunicaram com o silêncio. Park leva quadrinhos para o ônibus e Eleanor vai lendo com ele. Depois ele deixa que ela leve-os para a casa dela e começa a emprestar fitas para ela ouvir (não disse que se passava no grande ano de 1986, né). E assim vai nascendo esse relacionamento tão estranho entre os dois, na qual ambos tem vergonha de falar um com outro, ainda mais em público, e seus contatos são apenas as músicas, as histórias e seus significados, até que um dia se toquem e percebam que suas primeiras impressões estavam erradas.

"Eleanor & Park" é um livro agradável de ler e que vai, lentamente, construindo o relacionamento dos dois, sem pressa alguma. A contra capa, se você chegar a ler, acaba dando um pequeno spoiler de como a história vai acaba, se bem ou mal, com eles juntos ou separados, mas nada que estrague por completo o andamento do livro ou que faça você jogar o livro na estante e pegá-lo 20 anos depois. Eleanor é uma personagem cativante, com um verdadeiro labirinto na cabeça. Park não cativa tanto quanto Eleanor no começo, mas a mudança que ele vai tendo em relação ao próprio comportamento e ao que ele quer de verdade, o torna mais agradável com o andamento do livro. Em suma, "Eleanor & Park" é uma história legal entre dois jovens com absolutamente nada a ver um com um outro, com alguns momentos de riso, nenhum momento de choro (eu pelo menos não derramei uma lágrima, me perdoem. Só fiquei puto com o tal do padrasto) e um desenvolvimento, tanto da história, quanto dos personagens, muito bom. O peguei de maneira muito aleatória na livraria, não me arrependo, mas ele acabou não sendo aquele livro que eu esperava que fosse ou que eu queria ler de fato. Para quem estiver interessado em livros young adult e que não tenha mais nada para ler, é uma boa opção para passar o fim de semana ou alguns dias lendo, já que dá para lê-lo bem rápido.

Ah! A música! A música que me fez comprar o livro é a conhecidíssima Young Folks, do Peter Björn and John. O interessante é que se você pegar a letra e os pensamentos de Eleanor, há inúmeras semelhanças.  

"If you knew my story word for word 
Had all of my history
Would you go along with someone like me" 

Nome do livro: Eleanor & Park
Autora: Rainbow Rowell
Editora: Novo Século
Número de páginas: 328


Nota: 7,0 

Um comentário:

  1. Oiee ^^
    Estou doida para ler esse livro, e quase o comprei ontem, mas jurei que deixaria para gastar com livros na bienal *-*
    Falam suuuper bem desse romance.
    MilkMilks
    http://shakedepalavras.blogspot.com.br

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