terça-feira, 30 de setembro de 2014

Atrás das grades



atrás das grades de
meus sonhos
eu vejo um rosto
que meus olhos de verdade
já haviam visto

ela é uma prisioneira
em fuga pelas
avenidas
rotas
ruas
e estradas
dos meus devaneios noturnos

quando fecho os olhos
as grades se abrem
e ela se liberta
e causa confusão
e tormento
e dor
e paz
após a morte

a prisioneira de meus
sonhos
a alma daquilo que
sinto e nego
aquela coisinha medíocre
que dizem que rima
com dor
amargor
pavor
controlador
for onde for
e que ouso dizer
"não é amor"

mas meu corpo é uma gaiola
uma prisão
um baú
fecho os olhos
e o pássaro
escapa pelos terrenos
vagos de minha mente
e adentra os
infinitos espaços
perpétuos
de minha imaginação

atrás das grades
de meus delírios
daqueles sonhos
extravagantes
apaixonantes
que eu desejava
com todo o poder
não ter
meus olhos veem seus olhos
que eu já vi com meus olhos de verdade
os olhos que enxergam carne
e enxergam solidão
e medo
mas nunca a verdade
pois são ébrios
e míopes

atrás das grades de
meus sonhos
a tranco
somente
para escapar de vez em quando
dentro de mim
para mim
e nunca para fora
onde vivemos a ilusão
de você me pertencer

sem ao menos
conseguir
te ver

mais.

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